Álvaro de Campos (1890 – 1935) é um dos heterónimos mais conhecidos de Fernando Pessoa. Campos surge quando Fernando Pessoa sente um impulso para escrever. O próprio Fernando considera que Álvaro de Campos se encontra no «extremo oposto, inteiramente oposto, a Ricardo Reis”, apesar de ser como este um discípulo de Caeiro.
Álvaro de Campos é o “filho indisciplinado da sensação e para ele a sensação é tudo. O sensacionismo faz da sensação a realidade da vida e a base da arte. O eu do poeta tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir.
Álvaro de Campos, nasceu em Tavira no dia 15 de Outubro de 1890 à 1.30 da tarde. Teve uma educação de Liceu comum qualificada de vulgar pelo próprio Fernando Pessoa. Posteriormente foi para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica, e depois naval.
Fernando Pessoa, fez uma biografia para cada um dos seus heterónimos e declarou assim que Álvaro de Campos : Era um engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa, mas sempre com a sensação de ser um estrangeiro em qualquer parte do mundo. Pessoa disse também em relação a este heterónimo que :
– Eu fingi que estudei engenharia. Vivi na Escócia. Visitei a Irlanda. Meu coração é uma avozinha que anda Pedindo esmola às portas da alegria.
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Entre todos os heterónimos, Álvaro de Campos foi o único a manifestar fases poéticas diferentes ao longo da sua obra. Começa a sua trajetória como um decadentista (influenciado pelo Simbolismo), mas logo adere ao Futurismo: é a chamada Fase Sensacionista, em que produz, com um estilo assemelhado ao de Walt Whitman (a quem dedicou um poema, a Saudação a Walt Whitman), versilibrista, jactante, e com uma linguagem eufórica onde abundam as onomatopeias, uma série de poemas de exaltação do Mundo moderno, do progresso técnico e científico, da evolução e industrialização da Humanidade: é muito influenciado por Marinetti, um dos nomes cimeiros do Futurismo neste período. Após uma série de desilusões com a existência, assume uma veia niilista ou intimismo: é conhecida como Fase Abúlica, e assemelha-se muito, sobretudo nas temáticas abordadas, à obra do Pessoa ortónimo: a desilusão com o Mundo em que vive, a tristeza, o cansaço (o que há em mim é sobretudo cansaço, assim começa um dos seus mais famosos poemas) leva-o a reflectir, de modo assaz saudosista, sobre a sua infância, passada na velha casa: infância arquetípica, de uma felicidade plena, é o contraponto ao seu presente. Uma fase caracterizada pelo cansaço e pelo sono que se denota bastante no pessimista poema.