No livro Diário de Guantánamo, Mohamedou Ould Slahi, prisioneiro de Guantánamo detalha, a tortura a que foi submetido, num relato escrito na prisão da base naval dos Estados Unidos da América, em Cuba. Considerado ‘documento secreto’, o relato levou 7 anos para ser publicado.
Diário de Guantánamo, é oprimeiro livro publicado por um prisioneiro de Guantánamo que descreve os 13 anos de episódios de tortura, humilhação e desespero a que foi submetido.
Mohamedou Ould Slahi esteve detido na prisão norte-americana de Guantánamo entre 2002 e finais de 2016, suspeito de ser um dos mentores do 11 de Setembro.
Documentário da EuroNews sobre a prisão de GUANTÁNAMO
Mohamedou Ould Slahi esteve preso durante 14 anos e nunca foi acusado formalmente de qualquer crime. Um juiz federal ordenou a sua libertação em março de 2010, mas o governo dos Estados Unidos da América lutou contra essa decisão, impedindo que fosse cumprida. Só em 2016, mais precisamente no dia 17 de outubro, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos afirmou que o grupo de agências federais que compõem o sistema de revisão de pena de Guantánamo decidiu libertar Mohamedou Ould Slahi. O Pentágono afirmou que examinou o caso de Mohamedou Slahi, sob supervisão americana desde 2001, e determinou que não existe risco de fuga ou de ele voltara a participar de grupos radicais islamitas.
Nascido na Mauritânia em 1970, Mohamedou Ould Slahi, viajou pela primeira vez para a Europa quando ganhou uma bolsa para estudar na Alemanha, onde trabalhou durante vários anos como engenheiro. Voltou a casa em 2000 e, no ano seguinte, foi detido e enviado para a Jordânia, depois para o Afeganistão e por fim para Cuba.
Foi em Guantánamo que Mohamedou Ould Slahi, começou a escrever sobre o mundo dentro da prisão mais polémica do mundo (e que Obama prometeu fechar quando chegou à Casa Branca).
O Diário de Guantánamo, é um registo extraordinário e um documento sem precedentes da história do século XXI: uma obra que descreve, os processos de captura, interrogatório e tortura executados pelas autoridades norte-americanas ao abrigo da chamada Guerra ao Terror. Este relato que o governo norte-americano tentou esconder do grande público, foi publicado em Janeiro de 2015, após seis anos de batalhas jurídicas, mas ainda assim com mais de 2500 linhas censuradas.
Diário de Guantánamo é a memória viva do incumprimento da justiça e dos atos bárbaros praticados por uma das mais sólidas democracias.